[ALERTA DE TEXTÃO]
Olá Spooks, tudo bem?
Hoje eu vim falar sobre aquele que finalmente chegou ao fim nesse mês: meu estágio probatório.
Mas o que é esse estágio probatório afinal?
É um período pré-determinado que seu empregador tem para avaliar se você está apto ou não para um determinado cargo.
Pra quem não sabe, o estágio probatório de um servidor municipal aqui de Santo André e, acredito que na maioria dos cargos públicos (estou com preguiça de pesquisar) dura três anos. Sim, é esse tempo que eles levam pra ter certeza que podemos desempenhar nossas funções.
Na verdade acho que esse é o tempo que leva para aprender tudo o que precisamos de nosso cargo, já que, pelo menos aqui em meu município, eles te jogam no seu lugar de trabalho sem nenhuma preparação ou treinamento. Pra não dizer que não explicam nada, te informam no dia da integração os benefícios que você receberá e algumas outras coisas não referentes ao seu cargo, e sim ao de ser servidor, qualquer que seja a área que você vai atuar.
Lembro que nos primeiros dias, por trabalhar em período inverso ao dos meus colegas, eu não fazia nada, porque não sabia o que fazer, no que eu podia ou não mexer e etc. Fico pensando como seria caso não tivessem meus colegas de trabalho na escola, como eu faria as coisas, como saberia os procedimentos?
Talvez seja mesmo esse o motivo do probatório durar tanto tempo já que não existe isso de aviso prévio na prefeitura. Se a pessoa resolver exonerar hoje, amanhã ela já não precisa comparecer ao trabalho.
Mas, deixando um pouco de falar sobre como funciona a prefeitura da minha cidade, vamos falar sobre o meu probatório.
Posso dizer que esse período de três anos se resume em duas palavras: aprendizado e provação. Aprendi várias coisas e procedimentos da rotina de uma escola, assim como consegui desenvolver meus próprios métodos de trabalho com a finalidade de facilitar o mesmo. Encontrei minha própria forma de me organizar (embora visualmente não seja tão organizado assim) e aprendi com vários erros que cometi (e foram vários erros MESMO, de todos os níveis de gravidade). Aprendi a me socializar mais e recebi cooperação de alguns colegas, vivenciando experiências e conhecendo vivências diferentes. Fiz amizade com diversas pessoas de diversas religiões que conviviam muito bem e harmoniosamente entre si e percebi que ainda havia esperança de um mundo melhor.
Mas como nem tudo são flores, conheci durante esse trajeto pessoas que me magoaram demais, me desincentivaram, me humilharam, abusaram da minha boa vontade, diziam que eu não tinha responsabilidade, atrapalhavam meu crescimento, criaram apelidos pejorativos me chamando (sempre pelas costas) de "atrapalhadinha", "não amigável", "laranja podre", "leva e traz" e coisas do tipo. Quem me conhece sabe como sou e essas pessoas nem se deram a oportunidade de me conhecer antes de me julgar ou me difamarem. No primeiro ano, admito, senti vontade de jogar tudo pro alto e desistir.
O pior é que isso não se resumia só a mim. Via pessoas falando mal de outra pelas costas e depois marcando de sair, toda amiguinha; via pessoas tratarem com diferença as outras devido à classe dessas pessoas ou funções que exerciam; via gente que se negava a trabalhar por estar "quase no horário de ir embora", mesmo faltando meia hora pra ir, ou até uma hora inteira. Via gente que não limpava o café que ela própria havia derrubado no chão, porque isso não era "função" dela...
Cheguei a ficar com depressão, voltei a desacreditar de tudo o que eu achava que era bom, e passei a fazer terapia para conseguir seguir em frente. Aprendi que na provação, no teste que você vive durante esses três anos, o mais difícil não é aprender, desenvolver ou fazer o seu trabalho, mas sim conseguir lidar com todo tipo de pessoa e com os defeitos que à essas vêm atrelados.
Bem, aí chegaram as minhas férias e algumas das várias amizades (e digo várias mesmo, uns 80% do povo que trabalhava lá) que eu consegui cultivar, mesmo dentro de uma corja, me ajudaram a seguir em frente e arriscar o novo, sair e parar de ficar me castigando pra tentar provar alguma coisa. Agradeço muito a essas pessoas, pois sem elas não sei se teria passado por esse probatório, na certa já teria desistido ou perdido o juízo. Graças ao incentivo delas saí de lá e me dei a oportunidade de me soltar, crescer profissionalmente (não em relação a salário, mas a aprendizado e responsabilidades) e provar, mesmo não estando no mesmo ambiente que as pessoas que eu queria mostrar (na verdade esfregar na cara), que eu sou capaz sim, posso fazer um trabalho bem feito sim e, se duvidar, com algumas melhorias ainda. Tive a oportunidade de construir o meu próprio espaço, desenvolver meu próprio método de trabalho e conhecer novas pessoas, maravilhosas e não tão maravilhosas assim, mas que nem nos meus "piores dias" me fazem sentir da maneira que eu estava antes.
Obrigada a todas as pessoas que me provaram que nem todo mundo é mal, à minha biguinha pra sempre e a todas as amizades que eu fiz nesse período que, mesmo as vezes não mantendo tanto contato, vou levar pra sempre no meu coração e pra minha vida.
Fico muito feliz desse período ter acabado e eu ter provado, não só para a prefeitura como para eu mesma, que eu estou apta sim a exercer minha função e continuar no meu trabalho.
Desculpa o textão aí, estou inspirada hoje, rsrs.
Boa noite Spooks, see you soon.