sexta-feira, 6 de março de 2020

Atualização

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Olá Spooks, tudo bem?
Sei que não venho aqui há mais de ano, mas não tinha tempo.
Ultimamente não tenho tido tempo pra muitas coisas e isso vem me deixado um pouco mais ansiosa do que realmente sou e, seguindo minha nova política de não se preocupar mais tanto quanto antes para não ter um ataque cardíaco, acabo ficando em estágio de hibernação psicológica. O corpo e a mente vão agindo no automático e eu vou adiando as coisas até conseguir efetivamente fazê-las, o que acaba sendo muito tarde algumas vezes.
Talvez seja uma crise passageira, ou porque está muito perto de eu fazer os meus 26 anos e isto seja estar um passo mais perto dos 30 que dos 20 ou a crescente gama de papéis que eu tive que começar a desempenhar neste último ano, mas simplesmente não estou conseguindo dar conta de tudo. Nessa correria toda eu tenho que ser tudo e não estou conseguindo ser boa o suficiente em nenhuma das áreas. Nem uma ótima mãe pras minhas gatas, nem ótima esposa, filha, irmã, profissional, colega de trabalho, sobrinha, neta, nora, prima ou amiga. Este último é ainda pior, por outro motivo que eu ainda tenho mais dificuldades: redes sociais.
Eu sei que as redes sociais e o Whatsapp hoje são quase essenciais para a construção dos relacionamentos e manutenção destes e simplesmente não sei ainda lidar com isso.
Hoje se é cobrado mandar mensagens, visualizar status, responder mensagens e mandar áudios para conseguir manter os relacionamentos em dia, coisa que eu simplesmente não estou acostumada a fazer. Há mais de dois anos eu não tenho whatsapp, entro pouquíssimo no face, e quase não mexo no Instagram, pois não são coisas que eu considero tanto. O bom e velho telefonema, visita e carta ainda são importantes para mim e, no meu caso, o único meio de comunicação realmente efetivo e, com a correria do meu dia e das outras pessoas eu não teno mantido minhas relações em dia.
Sabe, antigamente eu era a pessoa que ia atrás de todo mundo. Eu que ia visitar, mandava cartas, ligava, chamava pra sair e tals, mas as redes foram tomando conta e eu não fui me adaptando. Sei lá, uma conversa por telefone exige uma resposta imediata e tem interação imediata. Eu sei que algumas redes tem disso também, mas não é como o MSN de antigamente por exemplo que pra falar com a pessoa ela tinha que estar online ali. A comodidade de poder responder quando puder acabou atrapalhando. Eu simplesmente não soube lidar e acabei perdendo contato com pessoas que eram muito importantes pra mim e, a falta de contato direto me deixou com remorso e medo de ir visitar ou ir atrás de pessoas que eu não falava havia anos e isso só me afastou mais ainda.
Agora que eu estou morando na minha própria casa a situação só agravou. Hoje se eu não mando mensagem, se não vejo a rede social das pessoas, eu nem sei o que acontece na vida delas. Como eu disse, eu era a pessoa que ia atrás, mas devido aos tantos papéis que eu tive que começar a exercer e as responsabilidades que vieram com estes, eu simplesmente não posso ser mais essa pessoa, eu já não consigo mais ser.
Isso tem me afetado bastante, ainda mais a crescente cobrança por parte dos outros de ir atrás, mandar mensagem, ter whatsapp, ver no face, etc. Parece que se eu não faço essas coisas eu não sou uma boa amiga ou parente, sei lá. E outra coisa que também piorou este quadro é que agora, e a cada dia que passa eu conheço mais e mais pessoas e não estou dando conta de administrar isso também. Eu entrei em uma crise tão grande que, se não tivesse tido ajuda, provavelmente só eu e minha esposa teríamos ido à minha festa de casamento. 
Foi tudo tão corrido e tão desesperador que eu simplesmente não convidei ninguém. Sabe, eu pensei em fazer o evento no face e chamar todo mundo, afinal, esse é o jeito mais apropriado hoje pra isso aparentemente, mas fui orientada que seria melhor mandar pelo whats ou falar pessoalmente, o que simplesmente não deu pra fazer. Isso é algo que vem me perturbando bastante e ninguém consegue me entender. "Ah, mas você tinha que ter convidado fulano" ou "Nossa, você nem me convidou" ou "nossa, fiquei chateada, nem sabia que você tinha casado se não tivesse fotos no face", etc. Isso vem me chateando de uma maneira tão intensa que vocês não têm noção. Não foi fácil tentar fazer e organizar tudo isso sozinha e ninguém vê essa parte. Na semana do casamento eu tinha trabalhado, ido atrás de empréstimo, vestido, sapato, tinha consertado coisas em casa que não podiam esperar pra depois. Minhas tias por parte de pai ainda ajudaram mandando um convite que elas mesmas fizeram pra parte da família, mas não é como se alguém fora elas tivesse se oferecido pra me ajudar nisso. A Jéss tinha acabado de entrar pra família e nem conhecia ninguém, não pude contar nem com ela. E ainda mais, faltando apenas dias pro casamento, o restaurante que tínhamos reservado mudou a política de atendimento, justamente o diferencial que nos havia levado à escolhê-lo e eu fiquei sem chão. Seguir dicas de pessoas de procurar outros lugares também não ajudou, eu não tinha tempo e esse contratempo só piorou mais. Só sei que resolvemos manter a escolha na mesma semana do casamento, o que foi muito em cima da hora e muitas das pessoas que eu efetivamente chamei não puderam ir pois já tinham compromisso. Eu sei que eu não deveria me culpar por isso, e queria muito que as pessoas entendessem meu lado, mas não entendem. Ser adulto é ter obrigação de dar um jeito pra tudo, independente de quantas coisas você já esteja dando um jeito e isso me mata. E me mata mais ainda não saber lidar com isso.
Por isso, Spooks, caso algum de vocês seja do meu círculo pessoal, me desculpe não ter te convidado pro meu casamento, por não estar mantendo contato constantemente com você e estar sendo essa péssima pessoa ultimamente. Eu quero dar um jeito, como qualquer um, mas ainda não consigo.

sábado, 23 de junho de 2018

Sobre os últimos meses



Olá Spooks, tudo bem?
Olha que lindinha essa foto de eu sorrindo, só pra não chorar.
As coisas foram acontecendo e eu acho que não me expliquei direito até agora.
Tenho ciência que estou ausente no blog e que o conteúdo aqui tem ficado bem obscuro ultimamente, sem momentos de descontração e distração, mas hoje vim explicar resumidamente o que veio acontecendo. Então vamos lá:
Em janeiro de 2017, minha irmã mais nova que eu, com a qual eu não me lembro de não ter vivido junto, a Emily, morreu de Câncer com apenas 21 anos.
Ela tinha planos de ter uma família, de casar, evangelizar pelo mundo agora que tinha aderido à uma religião, e estava fazendo faculdade de RH. Tudo bem que ela trocava qual profissão queria ter de semana em semana, mas ela tinha planos, objetivos traçados. Minha irmã comia de quase tudo, já tinha feito atletismo e tinha uma vida ativa.
Do outro lado tinha eu: cansada, desesperançada, triste, sem sonhos e sem vontade de viver, tentando preencher minha vida com o que quer que fosse. Não são talentos, são tapa buracos. Sedentária e desmotivada, depressiva, querendo, quase clamando pra morrer.
Então, minha irmã, cuja responsabilidade de cuidar eu me atribuí estava com câncer e não havia nada que eu pudesse fazer.
Nas horas difíceis que a gente percebe o quanto é medíocre.
Eu me lembro de ter ficado com raiva dela por ter tido câncer, pois eu não poderia me matar, porque seria muita coisa pra minha mãe suportar e agora eu não podia mais. Eu lembro de culpá-la pela própria doença por causa de suas ações. Fui o pior tipo de pessoa que alguém pode ser, egoísta, e me envergonho disso.
O câncer dela foi evoluindo aos poucos. No começo a gente até brincava com a situação, mas foi ficando cada vez mais difícil conforme a gente via que estava piorando. Eu depois de me arrepender do que eu tinha pensado, fiquei indignada com Deus. Por que, agora que ela tinha se aproximado dEle essa doença surgira? Por que em vez de tantas pessoas que fizeram atrocidades, mataram, abusaram, estupraram e torturaram outras Ele havia escolhido minha irmã? Por que não eu, que não estava nem aí pra minha vida, empurrava ela com a barriga e me matava aos poucos?  Me senti inútil, incapaz, fraca, a pior irmã que ela poderia ter, porque eu simplesmente não sabia como agir, como proteger minha irmã e defender ela daquela bosta de doença que tinha crescido nela.
Eu queria morrer mais ainda do que antes, quando o câncer foi para o peritônio, eu suplicava pra Deus me passar aquela dor, pra que ela não sentisse. Eu via ela gemer de dor, chorar, pedir aos prantos pras enfermeiras aplicarem mais uma dose de morfina para amenizar a dor dela.
Quando ela estava bem a gente conversava, brincava e brigava. Eu traficava comida pra ela e comíamos escondida, eu simplesmente fingia que estava tudo bem quando ela passava mal quando estava sem sonda, só porque ela odiava usar aquilo e não queria colocar, a gente brigava também, porque ela não deixou de ser teimosa em nenhum momento, muito menos eu.
Ela dizia que acreditava que tinha que passar por tudo isso pra testemunhar pro mundo como Deus tinha salvado ela. Dizia que, mesmo que morresse, que se a doença aproximasse a família de Deus, que isso já seria um milagre.
Eu orei pra Deus, usei todas as minhas forças pra que ele fizesse um milagre e curasse ela. Eu supliquei, eu acreditei de verdade. Mas Ele tinha sido impassível quanto ao destino dela.
Numa das noites que eu estava no hospital com ela eu tive que ouvir ela pedir para ser sedada, mesmo sabendo que talvez isso implicasse nela nunca mais acordar. Ela dizia que eu não tinha idéia da dor que ela sentia, e eu sabia que não. Ela disse que queria dormir e a médica a sedou. Foi um momento muito estranho. Eu mandei mensagem pra minha mãe falando que ela tinha pedido para ser sedada e fiquei ali do lado dela esperando. Eu literalmente tive que ficar esperando minha irmã morrer porque ela queria assim. Só ela sabia o que ela estava sentindo, e eu acreditava nela, eu estava ali por ela. O sedativo não funcionou e eu, no fundo fiquei feliz por isso. Ela estava ali de novo, tinha sido por pouco.
Lidar com alguém nessa situação é muito difícil. Somos egoístas. Muito mais do que imaginamos. Até que ponto chegamos? Permitir uma pessoa sofrer de dor só para tê-la só mais um momento com a gente, deixar alguém que amamos passar por tudo isso? A esperança também pode ser ruim. A gente nunca quer desistir do outro, mesmo que a pessoa em questão queira descansar e não mais sentir dor. Fazemos o que for pela pessoa, mas desistir sempre está fora de cogitação.
No dia que ela morreu era pra eu ter dormido no hospital com ela. Eu estava cansada e não fui. Eu sei que se eu tivesse ido, provavelmente teria desligado a máquina de sedação pra ela acordar e a gente conversar de novo. Mas não foi assim que aconteceu. No dia 21 de janeiro minha mãe mandou que ela tinha morrido. Eu avisei minha família e fomos no hospital vê-la. Não sei por que eu fiz aquilo, não deveria ter ido. Sua mão ainda estava morna e a barriga, o câncer, vivo dentro dela, a única parte quente do corpo dela. Eu segurei a mão dela ali uma última vez. Eu chorei. Tudo tinha acabado. Tudo.
Eu não fui ao velório, nem ao enterro dela. Ela já tinha ido ver minha irmã sem vida numa cama de hospital. Já havia me torturado o suficiente. Não ia aguentar a falação que é um velório, o evento social que fazem disso com o corpo da minha irmã exposto, como nada. Não fui e não me arrependo.
Enquanto todos estavam lá eu fiquei em casa. A Gi veio e ficou comigo. Eu distraí minha cabeça, assisti TV e mesmo quando vieram comer e me ofereceram pela terceira vez pra ir eu não fui. Tudo já tinha acabado.
Eu nunca disse um Adeus pra minha irmã, e nem queria. A última vez que a vi ela tinha mudado de quarto. O namorado dela tinha acabado de chegar e, aproveitando que a família do "colega de quarto" dela não estava, ela pediu pra que eu empurrasse a cama do outro paciente mais pra perto da parede, pra sobrar mais espaço pra ela. O último olhar que ela me deu foi de arteira. Lembro que abracei ela rapidamente e saí. Foi um até, não um Adeus.
Minha irmã lutou muito, muito mesmo. Mais do que qualquer um que eu conheça teria lutado. Ela queria viver, e isso era incompreensível pra mim. Eu não entendia. Mas tentei ver o lado bom da vida, por ela.
No dia seguinte fui na casa de uma amiga espírita e ela me deu uma nova perspectiva. Parei um pouco de culpar Deus e comecei a digerir melhor a morte da minha irmã. Tive esperança e passei a ver tudo de uma forma diferente. Comecei a frequentar um Centro Espírita e confesso que fiquei bem melhor, havia feito as pazes com Deus não só pela Emily, mas por muita coisa. Pensei que se nem eu queria mais viver aqui, porque ficar prendendo minha irmã nesse mundo tão cruel? Finalmente eu havia aceitado a morte dela, eu queria que ela estivesse bem, e não preocupada ou triste. Fiz isso por nós duas.
Mesmo lidando melhor com a morte da minha irmã, confesso que não foi nada fácil.
Minha mãe, irmãos, tias e quase todos a minha volta estavam ainda muito fragilizados e em um luto intenso. Em vez de se unirem cada um ficou em seu canto, sofrendo sozinho. Eu tentava mostrar essa nova perspectiva mas só estava conseguindo piorar as coisas (no pensamento funciona, mas na hora de formar palavras, dá merda). Então me afoguei no trabalho. Fiz da escola que eu trabalho um filho e dei toda minha atenção, força e dedicação pra ela. Trabalhava o dia inteiro, as vezes pulava almoço, ficava até tarde, trazia trabalho pra casa e quando não trazia, ficava pensando no trabalho o tempo todo pra não ter que lidar com a minha família. Foi a pior merda que eu fiz.
Com um tempo comecei a pegar tudo pra mim. Quanto mais responsabilidade eu tinha, mais eu pegava. Me lotei de trabalho. E, como havia me responsabilizado pela Secretaria, agora eu tinha que tomar conta de tudo e, já que eu vou ter que responder por qualquer erro, melhor que seja meu. Não deixava nada quase pra outras pessoas fazerem (até hoje não deixo muito). Daí começou a síndrome de Burnout. Comecei a não dar conta, entregar coisas em cima do prazo, começaram a surgir pequenos erros devido à falta de atenção e isso foi gerando frustração, estresse, aquele tão recorrente sentimento de inutilidade e uma depressão.
Cheguei a procurar ajuda. Fiz terapia, tratamento espiritual, mas aos poucos o trabalho foi me consumindo mais e mais, até eu não ter forças mais pra procurar ajuda, e desistir.
Eu comecei a me afastar das pessoas, reprimi meus sentimentos pra não sofrer mais. Eu apenas não sinto. Se alguém perder um ente como eu perdi, ou até mesmo eu, não vou agir mais com tristeza, é algo que acontece. Me esforcei ao máximo pra parar de sentir, porque sentir dói muito, e já não tem mais espaço em mim pra dor. Sem sentimentos, sem tristeza, sem alegria, sem sonhos, sem vontades, sem medo, sem esperança, sem vida.
Até pouco tempo atrás minha idéia era me jogar numa avenida movimentada com uma carta no bolso inocentando o motorista pelo acidente, uma carta de suicídio. Mas como penso muito e teria diversas chances de eu não ser a única fatalidade e depois eu me culpar no além, desisti da idéia. Nessa altura eu já tinha perdido o controle e comecei a falar tudo que me vinha a cabeça, sem filtro. Resumindo: está ainda dando merda. Confessei pra duas amigas minhas minha vontade e elas me fizeram prometer não pensar nisso, me dando a missão de cuidar delas.
E é isso Spooks. Por isso que eu sumi nos últimos meses. Não estou bem, porém estou tentando uma outra vez. Não está fácil, mas cá estou.
Foi difícil escrever algumas coisas aqui, mas como disse em outro post anteriormente, preciso esvaziar o copo um pouco. Espero que vocês me perdoem. Espero que e Emily me perdoe. Espero mais ainda que eu consiga me perdoar.


sexta-feira, 22 de junho de 2018

Minha Visão sobre a Síndrome de Burnout


Olá Spooks, tudo bem?
Vocês já ouviram falar sobre a síndrome de Burnout? Pois é, até pouco tempo eu não fazia idéia do que era, porém conversando com minha mãe, dizendo que eu estava preocupada com minha saúde mental, amedrontada com a possibilidade de estar novamente com depressão e por estar sofrendo um alto nível de stress, ela me disse que sua professora havia falado nessa tal síndrome e que ela havia lembrado de mim na hora.
Eu como a curiosa que sou fui no Google e pesquisei o que era, in ou felizmente me encontrando totalmente inserida na definição.
Alto nível de estresse, baixo de concentração, uma necessidade imensa de tentar me provar boa no meu trabalho (porém ao mesmo tempo me achando um fracasso), um cansaço enorme e esgotamento físico, emocional e mental; autocrítica exacerbada, não conseguir mais controlar minhas emoções e segurar meus pensamentos no trabalho, palpitação, dores musculares intensas, pressão elevada sem motivo aparente, tensão, o fato de não estar conseguindo dar conta de tudo apesar da extrema necessidade de e a frequente depressão, desesperança e vazio de sentimentos bons, vontade de sumir e desistir de tudo com a vã ilusão de que umas férias me renovariam.
Pois é Spooks, essas são apenas algumas das coisas que eu estou sentindo. Pelo menos agora sei qual o nome disso e sei que não sou só eu que estou afundando neste barco.
Num quadro geral, para ilustrar, eu me sinto um copo cheio, um copo que no início era fumê, mas que devido ao líquido denso que tem dentro de si, já não consegue esconder esse interior escuro, barulhento e violento. Um copo que já não tem como encher, que absorveu tudo de ruim que podia, sem espaço para mais, que espirra as gotas negras que pingam em si em vez de as absorver e transborda e transborda cada vez mais. Este líquido denso que já o tornou transparente vai fragilizando cada vez mais o copo e cada gota nova que respinga vai causando uma pequena trinca, e depois uma rachadura, até ele quebrar.
Trazendo isso para a vida real, eu sou apenas o copo. Todas as frustrações, traumas e ataques feitos a mim foram absorvidos e eu aceitei-os em meu interior, sempre calada, sempre disfarçando pra ninguém enxergar como eu estava realmente, sendo fumê. Os anos foram passando e eu fui acumulando esses sentimentos negativos, densos e negros dentro de mim, até agora, o ponto que eu já não consigo fingir que eu estou bem, porque transparece minha amargura na minha cara, nesse vidro que agora se tornou transparente. Agora, que já cheguei no meu limite, que o copo encheu, nada mais entra e todas as críticas que chegam já são rebatidas, todas as palavras amargas que chegam são instantaneamente refletidas, com puro ódio. Tudo se paga na mesma moeda. Nada mais entra e eu já não sou quase o copo que eu era. O líquido sujo que havia dentro de mim danificou minha estrutura e meu corpo já não aguenta mais. Minhas costas doem, meu coração dói. E aquela esperança de que umas férias vão me melhorar cai por terra: a única coisa que vai mudar é que o copo não vai mais encher, mas ele não vai esvaziar. E pouco a pouco o copo se perde e se torna o líquido que o preenche. É muito líquido pra pouco copo e uma estrutura frágil demais pra suportar. Estou sem forçar e sem vontade nenhuma de agir, de continuar. Uma pessoa cansada, sem sonhos e sem objetivos, sem razão pra continuar aqui. Um copo sem sustentação.
Eu não sei se vocês entenderam alguma coisa disso tudo Spooks, nem sei se quero que entendam.
Ultimamente eu tenho pensado em quebrar o copo e deixar o líquido escorrer, deixando alguns cacos intactos ainda, pra que reste nem que for um pedaço do que já fui eu. Infelizmente ou não, tem pessoas que não me deixam quebrar, por mais que eu veja isso como uma solução.
Talvez eu precise de um daqueles saquinhos purificadores de água da P&G, ou uma forma de esvaziar pra conseguir pelo menos respirar um pouco. Mas como eu faço isso? Não faço idéia.
Talvez a solução seja mais simples que a de quebrar o copo, mas eu não consigo ver, tá muito denso isso tudo dentro de mim.
Eu sei que Burnout significa esgotada, o que implicaria em me sentir vazia, mas pelo meu ponto de vista esse esgotamento vem do excessivo uso de força para aguentar o trabalho e as dificuldades do dia-a-dia.
Preciso da solução, estou cansada, exausta, sem forças pra procurar.
Não estou com um vazio, estou com um cheio, então antes de falar que é falta de Deus no coração, conheça primeiro minha relação com Ele.
Como eu disse: cheia. Desculpem.

domingo, 17 de junho de 2018

Cansada



Olá Spooks, tudo bem? Espero que estejam.
Esta que vos escreve infelizmente não está bem o suficiente nem para fingir que está.
Já alcancei o esgotamento físico e mental, e temo não conseguir me recuperar.
Porém, fiz algumas promessas à algumas pessoas e como mulher de palavra tenho que cumprir.
Ultimamente tenho pensado bastante na Sra. Ceifadora de Vidas como uma solução aos meus problemas, mas infelizmente ela não pode me ajudar, não agora.
Espero que consiga criar expectativas pro futuro e que consiga alcançar e realizar alguma delas, quem sabe talvez eu tenha alguma esperança...
Esperança é a coisa mais importante que alguém deve ter. A esperança de que tudo vai melhorar e ser mais fácil. Mas esperança é esperar acontecer, e não sei se tenho forças para esperar.
Não sei se tenho forças para alguma coisa.
Já busquei ajuda profissional, mas alguns especialistas simplesmente fizeram descaso dos meus problemas e isso simplesmente me desmotiva a procurar ajuda novamente. Afinal, pra que ir ao médico se este nem vai olhar na sua cara, nem vai te dar importância, muito menos uma solução? E mesmo você falando sua condição te receitará um remédio que em vez de melhorar só piora. Minha dor nas costas por exemplo: Dão remédio para dor, dize que é muscular e só. Nem olham na sua cara, só medicam. Confesso que estou cansada de tomar remédios também.
Acho inclusive que meu mal é puro cansaço. Cansada do trabalho, de casa, da minha vida. Infelizmente esse cansaço me tira todas as forças pra mudar.
Um passo eu já dei: compreendi que não adianta esperar as coisas mudarem ao meu redor. A maioria das vezes elas mudam, se mostram boas no começo, mas no final, acabam piorando de novo. As vezes a pessoa que você acha que seria a solução acaba apenas trazendo mais problemas, muito mais.
Por que nunca está bem, apenas bem? Não estou pedindo pra ficar tudo ótimo, apenas bem pra quando alguém perguntar como eu estou eu possa responder "estou bem" sem ter que mentir.
O que fazer agora? Nem disfarçar mais eu consigo.
Estou usando minhas últimas forças pra procurar uma solução, pra acordar e ir trabalhar, pra tentar sair dessa situação. Espero que dê certo. Te que dar.

terça-feira, 15 de maio de 2018

Spooking


E aí Spooks, beleza?
Aqui quem vos fala é a Spook mãe.
Pois é, parece que fiquei e ficarei sumida mais tempo do que eu previa.
Estou passando por algumas crises pessoais, e profissionais, uma mistura dos dois.
Pra ajudar minha televisão pifou e meu teclado deu ruim, fica voltando a barra de edição pra trás toda hora, fazendo o texto ficar sem sentido nenhum.
Estou tentando ficar de buenas, mas está difícil.
Quando tudo estava bem, digo, quando os recursos físicos que eu precisava estavam ok, eu estava com preguiça de estar aqui, agora não tenho os recursos e tô precisando mais que nunca desabafar com vocês. Não sei o que fazer. Espero que eu consiga dar conta de tudo o que preciso pra poder voltar efetivamente a postar aqui, pois este blog é uma das poucas coisas que me fazem bem.
Eu tenho vários projetos para ele, eu juro, mas está osso de cumprir.
Eu quero melhorar, mas infelizmente tô me sentindo sem forças pra ir atrás de ajuda e soluções difíceis.
Espero voltar, e espero logo.
Espero que quando eu voltar vocês ainda estejam aqui.

 
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