segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Aliah, a melhor gata do mundo


Acho que vocês já sabem, eu já falei aqui antes sobre a Aliah.

Mas pra quem não sabe, Aliah era essa gata aí, essa siamesa linda e carinhosa, uma das várias gatas que eu já tive. Mas ela era única, tão única que nem parecia uma gata.

Ela era minha preferida (eu sei que isso é errado, mas era), era como uma filha pra mim. Eu sei também que era a dona preferida dela, eu sentia isso.

Ela era mais que uma gata pra mim, era como uma filha, minha melhor amiga.

Quando eu estava triste ela sempre vinha comigo. Era louca por besteiras tipo salgadinho, doce de leite, macarrão, que nem eu. Dormia o dia inteiro comigo. Era mimada, preguiçosa, manhosa, amorosa, ciumenta.

Ela me lembra muito eu. Sempre que lembro dela um sorriso me estampa o rosto e uma lembrança boa me vem na mente. Parecia uma pessoa, não um gato, ela era tão humana, no melhor jeito humano de ser.

Lembro que as vezes eu me escondia para não ir para a escola e ela sempre me achava. As vezes ficava escondida comigo, dormindo, e as vezes me denunciava pra minha mãe.

Era gulosa, repartia, era daquelas gatas que se você tomar a comida de volta nem reclama. Comia devagar, apreciava o gosto, mas mesmo assim era gulosa. Comia tanto que até vomitava, principalmente quando era macarrão com carne moída. E amava doce de leite, leite condensado, fandangos. E até soja com tempero picanha, essa ela comia como se fosse salgadinho pra nós. É, ela gostava disso também.

Sei lá, acho que ela era uma encarnação da minha melhor amiga do passado ou algo do tipo, se você acreditar. Falo isso porque eu tinha uma ligação muito grande com ela. Pode parecer esquisito, mas eu sei que ela me entendia, e eu entendia ela. Desde o começo foi assim.

Ela sempre foi uma gata muito educada. Não era daquelas que sobem no seu colo/cabeça/prato quando está comendo para pegar algo. Ela ficava lá, no chão, parada, olhando pra mim com aqueles olhos de gato de botas, me olhando e lambendo os beiços. Se eu insistia em não dar nada, ela vinha um pouco mais pra frente, se aproximando pra mim ver que ela estava ali. Era impossível não repartir a comida com ela.



Depois de um tempo ela não era muito de brincar. Preferia dormir o dia inteiro, se mostrar pros outros, ganhar um carinho. Não era daqueles gatos que fugiam quando chegava visita. Ao contrário, ela ia até a visita e ficava lá se oferecendo, ganhando carinho e aumentando o ego dela kkk.
Eu amava deixar ela nervosa. Era muito fofa quando ficava com aquela cara de brava mostrando os dentinhos. Era o único jeito que ela se soltava mais. Aí acabava meio que brincando.

Ela teve cinco filhotes. O Não, o Sujeira, a Arthuria, o Mini Não e a Neguinha. Ela foi minha única gata que não tinha ciúmes dos filhotes, e sim dos donos. Ela escondia os filhotes não para a gente não pegar porque eram dela, mas sim porque nós éramos os donos dela e ela não queria dividir nossa atenção. Mesmo assim quando dávamos um pedaço de carne para ela ela levava pra eles.

Ela sempre gostou de chamar a atenção. Quando não tinha esta, ficava na frente da TV enquanto assistíamos, ou ficava andando na nossa frente, ou se jogava no chão e rolava, fazendo charme pra gente fazer carinho nela. Quando estávamos brincando com os filhotes dela ela vinha, roubava a atenção pra ela, e assim que parávamos ela brigava com eles, tipo: "Eles são meus, esses carinhos são meus, saiam daqui". Era uma peça.

Quando ela caia ou tropeçava ou se assustava, ela ficava sem graça, envergonhada. Era a coisa mais linda que tinha. As vezes ela até saia ou disfarçava de tão sem jeito que ficava.

Ela era muito especial pra mim, acredite. Ainda é. E embora ainda lembre com alegria e ainda solte alguns sorrisos ao lembrar dela, ainda fico muito triste por ela não estar aqui.



É, estou aqui porque mais uma vez lembrei dela. Não que eu a tenha esquecido ou que não lembre dela sempre. É que tem momentos que trazem mais a tona a memória dela.
Infelizmente a noite antepassada foi um desses momentos.

Eu estava dormindo e aí ouvi latidos e miados altos. Na hora já levantei e saí pra ver. quando passava pela porta vi a Sim, já fiquei menos preocupada, mas mesmo assim subi. Não vi nada na rua. Então desci e procurei pelo Não, que graças a deus estava na cadeira na cozinha.

Mas talvez você se pergunte: O que isso tem a ver?

É que foi assim que eu perdi a Aliah. Algum ou alguns cachorros, não sei, levaram a vida dela sem dó nem piedade. Assassinos, infelizmente, agiram pelo instinto animal e mataram minha gata. Eles levaram ela de mim e eu não pude fazer nada. Eu não ouvi, eu não levantei, não fui atrás que nem na noite antepassada ou quando eu perdi a Arthuria (Sim, perdi duas gatas para cachorros. Não me culpe se eu não gostar de cachorros mais). Toda a vez que eu ouço um miado e latidos eu vou atrás. A culpa ainda me persegue.

Sabem, minha mãe ouviu a Aliah. Mas ela achou que essa estivesse comigo, como sempre fazia, e como já tinha visto os outros, não foi atrás. Eu sei que é errado, mas eu meio que culpo minha mãe por não ter feito nada. Ela disse que os miados duraram horas e aí fico perturbada com o pensamento de quanto ela sofreu. Eu sei que minha mãe não teve culpa, e que provavelmente deve ter remoído o pensamento na cabeça que eram da Aliah aqueles miados por socorro.

Ela sofreu tanto. Ela sempre esteve aqui pra mim e quando ela estava mais precisando de mim, eu não estava lá para ela. Foi na frente da minha casa, praticamente do lado do meu quarto e eu não ouvi. Eu me culpo muito também. Se eu tivesse ouvido, se tivesse feito algo, talvez ela estivesse comigo agora. Nem ao menos me despedi. Sempre dá um aperto no peito, um nó na garganta, uma vontade de chorar quando lembro que ela não está aqui.


Eu sinto muita falta dela.
Por isso hoje em dia, toda vez que ouço altos miados e latidos vou correndo ver. Mesmo que não seja um gato meu. Eu devo isso a Aliah. Eu não fiz isso por ela. É como se, de alguma forma, eu estivesse salvando ela ao salvar outro gato. Como se eu estivesse fazendo algo por ela, como eu não fiz.

Sabem, eu nunca bebi, exceto no dia em que soube que eu soube que perdi ela.

A Arthuria, eu perdi do mesmo jeito, só que ela nós ouvimos e conseguimos salvar. Infelizmente ela não aguentou e morreu. Mas pelo menos tentamos, fomos atrás, eu me despedi. Foi horrível ter que assistir ela morrer, mas eu estava lá do lado dela, apoiando, dando meu amor.

A Aliah morreu na rua gelada, foi enterrada num saco plástico, não teve o apoio nosso em seu último suspiro. A pior parte foi quando eu descobri. Ela tava desaparecida um dia, mas era normal, as vezes ela se escondia e demorávamos para achar. Mas se passou mais um dia e fiquei preocupada.

Quando foi no dia seguinte, fui ir para escola e vi o Sr João como sempre varrendo a calçada. Perguntei se ele havia visto minha gata e ele disse que tinha encontrado um gato morto na viela. Pela descrição dele, não achei que fosse a Aliah, mesmo assim pedi para ver. Ele me mostrou ela. Estava irreconhecível. Seu rosto puxado para trás, a língua entre os dentes, parecendo procurar por ar, o pescoço cheio de sangue. Ela tinha lutado até a morte. O cachorro ou os cachorros, sei lá, não a soltaram até ela parar de respirar, dava pra ver o quanto ela havia sofrido. Eu não achei que fosse a Aliah, não dava pra acreditar. Mas quando vi suas patas, aquelas patinhas que me amassavam minhas costas pra se aconchegar nelas, que me arranhavam quando eu a provocava, que ela lambia tão bonitinho quando se banhava. Aquela eram as patas da Aliah, não teve como não reconhecer. Foi muito forte pra mim ver minha filha naquele estado, não consegui me controlar. Cheguei a ir pra escola, mas não consegui fazer nada direito, ela não me saia da cabeça.

Não admiti, no início não quis acreditar, mas quando ela não voltou mais, tive que enfrentar. Até hoje eu não acredito totalmente, ou não quero aceitar. É ruim demais pra ser verdade. Mas ela nunca voltou.

Até hoje sonho com ela, e é muito esquisito, pois sei que ela não está viva, mesmo no sonho, e por este motivo aproveito cada instante do sonho com ela. E no sonho eu não choro, eu fico feliz, porque ela está lá, e porque sei que ela não gostava de me ver chorar. Aproveito porque sei que quando ela acordar não poderei mais abraçá-la, apertá-la como no sonho. Ela ainda estará lá quando eu acordar, no meu coração e na minha memória.


Sabem, vivi cerca de seis anos da minha vida com a Aliah, e ela foi muito importante nela. Ela me ajudou muito, e eu jamais vou esquecê-la. Tomara que um dia eu consiga aliviar ao menos um pouco dessa dor de perdê-la. Ela era como uma filha, uma irmã, uma amiga, ela é parte de mim e sempre será. Eu jamais vou esquecer isso.

Aliah, onde estiver, saiba que eu te amo, eu sempre vou te amar. Você foi a melhor gata de todas, a melhor amiga de todas. Ainda dói muito não te ter aqui. Acho que eu nunca vou conseguir dizer Adeus de verdade. Me desculpa pepê por não ter te ajudado quando você mais precisou. Me desculpa não poder estar com você agora. Quero que saiba que jamais vou te esquecer e que pra sempre você vai estar no meu coração.

Você, sem dúvidas é a melhor gata do mundo. Te amo.



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Pra quem não viu, o outro post é esse aqui: Aliah

 
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